O Natal está naquele abraço
que devíamos ter dado.
Mas o tempo escorreu na corrente
arrastando os sedimentos dizimados
dos bons momentos do passado.
Do abraço espontâneo
que um dia fora dado...
Este Natal será proveitoso
se, finalmente, forem repostos
tantos abraços adiados...
à custa de silêncios,
de mágoas, olhares lançados
como flechas agonizantes.
Se houver partilha verdadeira
de um amor autenticado,
com certificado de garantia
e que não se esgotará...
Antes das compras de presentes,
antes dos jantares marcados,
de enfeitar casas e jardins,
vamos rebuscar memórias
e listar alegrias.
Lançar a cana com energia
ao lago dos amigos e irmãos,
no isco a simpatia
de um sorriso de coração.
Decerto será de novo
uma pesca maravilhosa!
Cada amigo é um abraço
que aquece a lareira do salão.
Entre uma mesa com pão
ou um banquete real
não há maior razão
para viver o Natal.

original de Sónia Bett.